Nesta última quinta-feira, dia 21 de agosto, fez 25 anos que Raul Seixas nos deixou. Em homenagem ao grande cantor e compositor, preparei um levantamento sobre sua vida.
Nascido em 28 de junho de 1945, Salvador, Raul Santos Seixas, tinha dois ideais: o de ser cantor ou escritor.
Quando ainda criança, a família mudou-se para uma casa próxima ao Consulado Americano. Ali Raul conheceu os garotos do consulado, que lhe emprestaram alguns discos de Elvis Presley, Little Richard, Fats Domino, Chuck Berry etc. Foi o primeiro contato com o Rock and Roll.
“Eu ouvia os discos de Elvis Presley até estragar os sulcos. O rock era como uma chave que abriria minhas portas que viviam fechadas. Usava camisa vermelha, gola virada para cima. As mães não deixavam as filhinhas chegarem perto de mim porque eu era torto como o James Dean. Olhava de lado, com jeito de durão. Cada vez que eu cumprimentava uma pessoa dava três giros em torno do próprio corpo. Eu era o próprio rock. Eu era Elvis quando andava e penteava o topete. Eu era alvo de risos, gracinhas, claro. Eu tinha assumido uma maneira de vestir, falar e agir que ninguém conhecia. Claro que eu não tinha consciência da mudança social que o rock implicava. Eu achava que os jovens iam dominar o mundo.”
Aos poucos a escola foi ficando de lado. O bom era ficar na loja Can-tinho da Música, curtindo rock and roll ou marcando ponto no Elvis Rock Club, fã-clube de Elvis Presley, fundado por Raulzito e o amigo Waldir Serrão. Corria o ano de 1962 e a necessidade de fazer rock levou Raul a fundar, ao lado dos irmãos Délcio e Thildo Gama, o grupo Os Relâm-pagos do Rock. Chegaram a se apresentar na TV Itapoan, onde foram chamados de cantores de “música de cowboy”.
O ano de 1964 foi importante para Raul Seixas. Os Relâmpagos do Rock, com nova formação, passam a se chamar The Panthers. O grupo passou então a se chamar Raulzito e Os Panteras.
Em 1970, conheceu Evandro Ribeiro, diretor da CBS, hoje Sony Music, onde trabalhou como produtor de discos na CBS.
O incentivo de Sérgio Sampaio levou Raul a produzir e lançar, em julho de 1971, aproveitando a viagem do presidente da CBS, o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista – apresenta – Sessão das 10, com participações do próprio Raul, com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada, Edy Star. Isso lhe valeu a expulsão da CBS quando o presidente voltou. O disco então sumiu, “misteriosamente”, do mercado.
“Neste disco cada um cantava suas músicas em faixas separadas, num trabalho que resumia o caos da época. Valeu a pena, apesar de ter vendido muito pouco. Nós nos divertimos muito. Foi também a primeira vez que eu fiz algo para ser consumido e do qual me senti paranoicamente orgulhoso e feliz. Como os Beatles, que aprenderam no estúdio, eu aprendi tudo na CBS, os macetes todos. Aprendi a fazer música fácil, comercial, intuitiva e bonitinha, que leva direitinho o que a gente quer dizer.”
“Depois de sair da CBS, onde ganhava 4 mil cruzeiros por mês, decidi ser Raul Seixas. Então usei, este é o termo, aquele negócio de brilhantina, do rock, do casaco de couro, como trampolim, como uma maneira de ser conhecido. Por que eu só passei a existir depois daquela encenação, daquele teatro que eu fiz. Combinar rock com baião foi a fórmula certa para chamar a atenção. Mas foi só o começo.”
A classificação de “Let me Sing, Let me Sing” entre as finalistas, além da excelente repercussão que Raul Seixas provocou no público e na imprensa, garantiu a continuidade de sua carreira como cantor e compositor da Philips. A consagração ainda tardaria alguns meses; tempo durante os quais Raul atuaria ao velho estilo, como produtor (e, no caso, também como cantor, anônimo, sem crédito na capa) de um disco antológico de clássicos de rock and roll e da Jovem Guarda: Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (selo Polyfar, 1973).
Em 1975, esse disco seria reeditado com algumas alterações, como o nome de Raul na capa e um novo título, 20 Anos de Rock, aproveitando a notoriedade de Raul. Mas o “buuum” só viria mesmo com a explosão do compacto ”Ouro de Tolo”, cuja letra autobiográfica e ao mesmo tempo uma bofetada na face da classe média do país.
Contratado pela Philips , Raul partiu para o primeiro álbum solo, Krig-ha, Bandolo! O título refere-se ao grito de guerra de Tarzan, que quer dizer: “cuidado, aí vem o inimigo”.
Raul Seixas e Paulo Coelho lançam Sociedade Alternativa em agosto, e dedicam-se com afinco aos estudos esotéricos, mergulhando fundo na obra do mago inglês Aleister Crowley.
Decidiu sair da Philips para outra gravadora, a recém-fundada WEA. Marcou esse período o rosto sem barba nem bigode (suas “marcas registradas”) e a relação com um novo parceiro (e antigo vizinho dos tempos do Rio), Cláudio Roberto, professor de ginástica, poeta e cantor nas horas vagas. Juntos realizaram o LP O Dia em que a Terra Parou, em 1977.
Em 1979 faz seu último álbum para a WEA, Por Quem os Sinos Dobram, em parceria com o amigo Oscar Rasmussen. Raul saiu da gravadora levando sua secretária de imprensa, a carioca Ângela Costa, hoje mais conhecida como Kika Seixas.
Raul assinou um novo contrato com uma velha conhecida sua, a CBS e, em 1980, lançou o álbum Abre-te, Sésamo.Raul e Kika decidiram morar em São Paulo e, com a ajuda de Jair Rodrigues, conseguiram alugar uma casa no bairro do Brooklin.
São Paulo o recebeu de braços abertos. Iniciou, então, uma série de shows pela capital e interior do estado paulista. Na Zona Sul da cidade de São Paulo, nasceu, em 1981, a terceira e última filha de Raul, Vivian.
Sem gravadora, mas com um público enorme e fiel, apresentou-se para mais de 150 mil pessoas em 13 de fevereiro de 1982 no Festival Música na Praia, em Santos, São Paulo. Em maio de 82, apresentou-se tão alcoolizado em Caieiras, interior de São Paulo, que acabou sendo tomado por impostor de si mesmo, sendo preso e ameaçado pelo delegado da cidade.
Em 1983, lançou o livro As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor.
O penúltimo casamento de Raul foi-se rompendo. A sua saúde também não andava boa. Mais uma vez ele decidiu voltar para Salvador, como fizera em 1978, para se recuperar. Depois de curta permanência em Salvador, voltou para São Paulo com nova companheira, Lena Coutinho.
Em São Paulo, junto com Lena, procurou uma nova gravadora, mas as portas do mundo artístico pareciam estar fechadas novamente para Raul. Enquanto isso, milhares de fãs e amigos permaneceram na expectativa de novidades.
Em 1987 lança o disco Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!
A convite do discípulo e amigo Marcelo Nova, então vocalista e letrista do grupo baiano Camisa de Vênus, Raul Seixas participou da gravação do álbum que o grupo preparava para lançar, dividindo vocais e parceria com Marcelo Nova na música “Muita Estrela, Pouca Constelação”, referindo-se ao cenário pop brasileiro de maneira desdenhosa.
No ano seguinte,1988, mostrou que ainda estava “vivo”, lançando, em setembro, o álbum A Pedra do Gênesis, que falava da controvertida Sociedade Alternativa.
Segunda-feira, 21 de agosto de 1989, nove horas da manhã. Dalva Borges da Silva, a empregada de Raul, chegou ao apartamento número 1003, do Edifício Aliança, Zona Central de São Paulo, e encontrou Raul Seixas morto em sua cama. Dalva imediatamente entrou em contato com o médico e a família de Raul. A notícia se espalhou e logo as emissoras de rádio e TV divulgaram o fato.
Fãs, jornalistas e amigos dirigiram-se ao prédio onde Raul residia. Raulzito havia falecido duas horas antes da chegada de Dalva ao prédio, de parada cardíaca, causada pela pancreatite de que sofria há dez anos.
Pra quem, assim como eu, não pôde ver Raul ao vivo e a cores, ainda há uma esperança: ROBERTO SEIXAS!
Roberto Seixas, nascido em Americana/SP, cantor e compositor além de sósia e cover de Raul Seixas, completa em 2014 vinte e sete anos de carreira com músicas próprias e parcerias de renome no cenário musical. Nos palcos Roberto Seixas revive ao longo desses anos os melhores momentos do saudoso Maluco Beleza, ficou conhecido em todo o Brasil como o melhor sósia e cover de Raul Seixas.
Vale a pena e a aparência e produção chegam a assustar, além da voz e trejeitos super fiéis!
Referência: http://raulsseixas.wordpress.com/biografia-raul-seixas/